Episódio com as colaborações do poeta Saulo Soares, da atriz Thays Santos e do músico Antonio Saraiva. Site: saojoaomarcos.com.br Facebook e Instagram: @parquesaojoaomarcos E-mail: [email protected]
ANAMNESE
Saulo Soares
A memória das pedras, das quedas das águas.
Do que se vê e se sente nas vagas dos ventos.
Do que se pressente e se imagina.
Da fina neblina, da seda dos tempos.
Do que se lê nas flores, nas folhas, nas palmas.
No voo das almas em bolhas brilhantes.
Do todo o antes que agora se tem nas retinas.
Da cor das janelas, das nuvens, cortinas.
Do arco da Ponte, que é Bela, que é fonte, Que borda horizontes em tela, paisagem.
Naquela miragem navego meus barcos.
Valei-me, meu Santo! Valei-me, João Marcos!
À luz de uma vela, fogueira, fagulhas de versos, Fagundes Varella, amores dispersos.
E pinto aquarelas, da vida me encanto. Valei-me, meu Santo!
Valei-me João Marcos!
Ah, bruto e suave instante vivido! Rendeu-me um passado que ainda não tinha.
E deu-me na boca o gosto do fruto da vinha, Da qual não havia ainda bebido.
Dos pios, trinados, um rio se faz. Um líquido fio, nascente à foz.
E nós? E nós? Meu canto? Calvário.
Cavalgo o meu pranto!
Valei-me, meu Santo!
Valei-me, João Marcos!
Num mar encantado deságua a lembrança
Da dança da ave que singra o céu,
Que sangra a chuva e asperge a esperança,
Que a vida germina, que rasga o véu!
Pedaço de terra, de água, de história,
Que cria memórias, que finca raiz.
Regaço de paz, silêncio que fala,
Que, um dia eu querendo,
pra sempre eu quis.
Valei-me, meu Santo!
Valei-me, João Marcos!
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