Piraí - Nos últimos meses, o uso de armas de gel brinquedos que disparam pequenas esferas feitas de hidrogel tem se tornado uma febre entre crianças e adolescentes em várias regiões do país. Embora comercializadas como itens recreativos, essas armas vêm gerando preocupação entre pais, educadores e autoridades devido aos riscos que podem representar.
Recentemente, casos de crianças feridas pelo uso inadequado dessas armas foram registrados, destacando os perigos associados à brincadeira. Em Piraí, duas crianças foram atingidas nos olhos durante uma disputa simulada e agora enfrentam complicações de saúde.
"Meu filho estava brincando no quintal com os amigos quando foi atingido no rosto. A bolinha acertou o olho e causou uma lesão que comprometeu sua visão. Ele precisou ser levado ao hospital às pressas", relatou a mãe de uma das crianças de 10 anos de idade que pediu para não ser identificada.
De acordo com o oftalmologista Cláudia Silva, as esferas de gel, apesar de pequenas e aparentemente inofensivas, podem causar danos significativos. "Quando disparadas a curta distância, a pressão exercida é suficiente para causar traumas oculares, que podem levar até mesmo à perda parcial ou total da visão, dependendo da gravidade do impacto", alerta.
Riscos além da Saúde Física
Além dos ferimentos físicos, especialistas alertam para outros riscos, como o incentivo à violência lúdica e a falta de supervisão. "Brincadeiras com armas, mesmo que de brinquedo, podem normalizar comportamentos agressivos ou, no mínimo, criar a falsa sensação de que armas são inofensivas", explica uma especialista em psicologia infantil
Diante dos perigos, especialistas recomendam que os pais fiquem atentos e monitorem o uso dessas armas. Algumas dicas incluem:
- Evitar a compra de armas de gel para crianças menores de 16 anos.
- Garantir que as brincadeiras sejam supervisionadas por adultos.
- Incentivar o uso de equipamentos de proteção, como óculos de segurança.
- Dialogar com as crianças sobre os riscos e a importância de brincadeiras seguras.
O Procon e outras entidades de defesa do consumidor também têm emitido alertas sobre os cuidados ao adquirir esses produtos, principalmente em lojas virtuais que muitas vezes não seguem as regulamentações de segurança para brinquedos.
O Papel das Autoridades
Em algumas cidades, legisladores já discutem a possibilidade de regulamentar ou restringir a venda de armas de gel, especialmente para menores de idade. Medidas como a inclusão de avisos obrigatórios sobre os riscos e a restrição de vendas em locais não autorizados estão em análise.
A popularidade das armas de gel exige atenção redobrada de pais, educadores e autoridades para evitar que uma brincadeira se transforme em um problema de saúde pública. O diálogo e a supervisão são ferramentas essenciais para garantir que crianças e adolescentes possam se divertir com segurança e responsabilidade.
Enquanto isso, famílias como a da mãe personagem desta matéria esperam que a conscientização cresça para que outras crianças não enfrentem os mesmos riscos. "O que parecia ser apenas uma diversão virou um pesadelo. Espero que outros pais estejam atentos para evitar que isso aconteça novamente", conclui.
Comentários: