Na noite dessa quinta-feira o Flamengo foi ao Uruguai enfrentar o Peñarol pela segunda partida das quartas de final da Libertadores 24.Após o resultado adverso no Maracanã, Tite fez mudanças substanciais para essa partida e trouxe melhorias na equipe desde os primeiros minutos de jogo.Logicamente tendo o resultado a seu favor, o Peñarol "sentou" sobre o placar do primeiro confronto e jogou, a exemplo do jogo de semana passada, usando contra-ataque como sua principal jogada.
Utilizando suas duas linhas de quatro jogadores, o time uruguaio sofreu com a pressão dos visitantes por uma mudança tática de Tite.O treinador é conhecido por jogar com três jogadores no meio, muito próximos dando a amplitude do campo aos pontas. Assim os laterais vem pelo meio como armadores e ele tenta pressionar o adversário por superioridade numérica no campo.Nesse jogo ele fez diferente. A primeira mudança foi a inversão de lado entre Gérson e Plata, colocando o equatoriano pelo lado direito, onde se sente mais cômodo, e o camisa 8 pela canhota.
Além disso, aproximou De Arrascaeta de Bruno Henrique fazendo quase uma dupla de ataque, pressionando os defensores centrais do time de Diego Aguirre, forçando sempre um dos volantes do time carbonero a afundar para defesa, causando assim um espaço entre o meio e a defesa.E desse jeito, em várias situações, De La Cruz e De Arrascaeta receberam as jogadas sozinhos na direção do gol.
Com a participação de Léo Ortiz, como primeiro volante, também melhorou o passe em profundidade aumentando o leque de opções ofensivas.
O Peñarol confiou demais no resultado e em suas valências defensivas levando perigo ao gol de Rossi, no primeiro tempo, apenas numa jogada de bola parada onde Léo Fernández esquentou as mãos do goleiro argentino.
No final do primeiro tempo, apesar do 0 x 0, a sensação que ficou foi a de que se houvesse um vencedor deveria ser o time rubro-negro.
Na volta para a segunda etapa, a pressão continuava. Como Gérson é um ponta que tende a vir pelo meio, Aléx Sandro ficou com o espaço aberto, pelo lado, para trabalhar as jogadas. Inclusive, durante todo o primeiro tempo e também na segunda etapa o time carioca usou muito o lado direito da defesa uruguaia, onde Tite provavelmente detectou uma falha.
Mesmo com todas as alternativas que o Flamengo tentava, a boa marcação e posicionamento impecável da defesa uruguaia impedia que o time visitante tivesse ações efetivas.O goleiro Aguerre fez uma única defesa mais difícil. Tite, vendo que alguns jogadores mais uma vez faziam uma má partida, como Plata, mesmo jogando em seu posicionamento de origem, e De La Cruz, que ainda parece mal fisicamente, lançou Gabriel Barbosa e Wesley, visando ter mais presença de área e jogadas agudas pelo lado direito.
Aproveitando esse momento de desmonte do esquema tático rubro-negro, os carboneros cresceram no jogo e até tiveram lances importantes em bolas paradas.No entanto, a posse de bola gigantesca do time carioca colocava o Peñarol contra sua própria área o tempo todo. Parecia um jogo de ataque contra defesa.Mais para o final do jogo, ele ainda colocou David Luiz na vaga de Fabrício Bruno, tentando aumentar as chances no jogo aéreo, e Ayrton Lucas na vaga de Aléx Sandro, para aumentar a velocidade pelo lado esquerdo.
Do outro lado, Diego Aguirre tirou Maxi Silvera colocando Baptista, visando aumentar a velocidade e manter a intensidade na marcação de saída de bola do adversário, e depois colocando Ramirez e Sequera nas vagas dos sacrificados ponteiros Cabrera, autor do gol no Maracanã, e Baez. Dois jogadores fundamentais para o esquema defensivo do time uruguaio.
No final o desespero fez jogadores flamenguistas tomarem decisões precipitadas e quase perderem o jogo no contra-ataque. Além disso, se tornou um jogo de "chuveirinho" onde cruzar a bola de onde pudesse se tornou o esquema tático do time carioca. Com o apito final, o grande jogo de xadrez que foi esse confronto chegou ao fim com o pentacampeão do torneio chegando a mais uma semifinal contra o Botafogo, que ontem passou, nos pênaltis, pelo São Paulo.